sábado, 29 de junho de 2013

Um terço na primavera



Queridos sobrinhos.
A matemática e, dela derivada, a estatística, são ciências milenares desenvolvidas para ajudar o homem e sociedades a entenderem o complexo mundo a sua volta e com eles interagirem e, sobretudo, pela estatística, se anteciparem aos desafios.

Ela ajuda com uma substancial dose de bom senso. Sem este, todo esforço científico é em vão. De sorte que paremos um pouco para pensar: O que são vinte cidades em 5 565 ao longo do país? Resposta: 0,00358, ou seja, um terço de um por cento. 

Por que tal divagação? Porque por manipulação de sentimentos impúberes, grassados ao longo das ruas, de pouco mais de vinte cidades, talvez nem tanto, estão propagando a idéia de uma Primavera Brasileira. Novamente a estultice toma, célere, conta do senso comum, já adormecido há décadas e ora cambaleante e trôpego.

Como já postei vezes anteriores, a Primavera Árabe teve uma conotação na mídia ocidental de um estopim deflagrado por um simples e mero vendedor de rua, ambulante, que despertou a fúria dos países no oriente médio sobre uma pressão latente exercida por ditaduras. Bem, novamente falta de leitura profunda espraiou este belo, romântico e cativante ideário de esquerda revolucionária romântica. Só que, até lá, a esponteneidade dos tumultos de rua foram elaborados, conduzidos e apoiados pelo PT de lá, a Irmandade Muçulmana (diga-se de passagem, simpática, quando não membro visitante, do Foro de São Paulo -mais um dos paradoxos de nossa democrata esquerda capitaneada pelo PT). Enfim, hoje eles tem a Irmandade Muçulmana na maioria dos países ou como presidentes ou como maioria no congresso deles. E aquelas sociedades não melhoraram nem um pouquinho das graves necessidades que passam. Explicar mereceria outro bilhetinho mas confesso que o saco já não permite tanto...

A minha grande curiosidade é como é que uma sociedade, até então, absolutamente anômala, omissa em termos de participação democrática, resolve ir, de forma "espontânea" para as ruas pedir, dentre outras bobagens e coisas sérias muito difíceis de se conseguir, de prima, a tal da Reforma Política. Quem será que explicou isto para vocês? O Ratinho, o Datena, a Ana Maria Braga? Quem foi que, com tanta propriedade, colocou isto na boca e na pauta de vocês? 

Deixe-me um parêntesis para tentar aclarar um pouco as coisas. Os pais de vocês foram às ruas para que seus filhos e netos (vocês e seus filhos) tivessem um mundo melhor. O que deu errado para que vocês estejam nas ruas hoje? Esta é uma reflexão gritantemente necessária para começar a se entender e diminuir a intensidade com a qual vocês vem sendo, sistematicamente, manipulados por velhas raposas da esquerda, lideradas por petistas, sindicalistas, etc, (que deram aulas aos zelotes para convencer Jesus a "peitar os romanos" mormente ao soltarem cavalos, bois, vacas e demais animais domésticos que, avançaram derrubando todas as vendas, pessoas e estruturas do mercado formado no templo do Senhor. Mas esta é outra história). Enfim, voltando, alguém tem idéia da complexidade de uma reforma política? Tem condições de opinar? De interagir positivamente? Se não tem e acha que isto são os políticos que tem que resolver, voltamos ao início. Novamente a síndrome do despachante. Vota, vira as costas e somente dá atenção às cagadas que eles fazem na nova onda carnavalesca que virou "a festa da democracia" o dia do voto. Uma dica, este foi o principal motivo de vocês estarem nas ruas após seus pais terem tirado um presidente e colocado o PT no poder.

Outra mobilização mais antiga manipulada pela esquerda, notadamente o PT que não conseguia se transformar em partido. Por intermédio do "ilibado" Ulisses Guimarães, presidente do MDB, houve o pluripartidarismo ainda no Governo Figueiredo. Grande conquista social. Uma porrada de partidinho merda foi sendo, sistematicamente criado, exatamente para servirem de legendas de aluguel e fecharem votos com o que a "maioria" decidia e tudo isto na mais genuína onde democrática. Os 28 partidos hoje estão ajudando em quê? Algum dentre os manifestantes faz idéia do que seja isto? Lembre-se, alguns pais foram para as ruas por este motivo, também para que filhos e netos tivessem um mundo melhor.

Enfim, queridos, para o bilhete não ficar muito longo. Qual é a diferença de se manter ou não Renan na presidência ou o deputado-pastor na CDH? Em relação aos gravíssimos problemas que a sociedade precisa liderar em mudança (saúde, educação, saneamento, segurança, empregos etc etc) Entendem quando digo que vocês, também por este viés, estão sendo manipulados? Quem irá para o lugar deles? Já pararam para pensar? Não, vocês nem os manifestantes querem pensar nisto. Não querem que esta grande micareta, somente em vinte cidades, acabe. Tá virando um evento maravilhoso, com atenção mundial, onde atá a modorrenta segunda-feira está mais estimulante que o bar Pirata em Fortaleza,  o único lugar no Brasil onde a noite da segunda-feira é animada.


Olhem direitinho as mudanças que estão ocorrendo. São "para inglês ver". A bobagem da votação dos royalties do pré-sal, em 2017...Nossa, já se deram conta do que são royalties de uns merdinhas de um milhão de barris diários de petróleo - ajudando, se o preço final do barril ficar a sessenta dólares, royalties de 60 milhões de dólares, fora o astronômico custo financeiro da aplicação dele, não ajudam em quase nada para melhorar a educação em 5 565 municípios no Brasil. Será que ajuda na manutenção, apenas na manutenção de mais de 200 mil unidades de ensino no país? Usem a cabecinha, pelo amor de Deus. Tem que ler gente, tem que ler leitura útil para não ser enrolado.

Enfim, queridos, para terminar o bilhete antes que minha falta de saco delete tudo antes de entrar no meu sabático quinzenal... Um terço de um por cento não significa "O Brasil inteiro". As demais cidades poderão continuar dando a eles os votos que eles precisam para se manter no poder. 5 545 cidades continuarão a votar em 85% de deputados e senadores que comporão a base aliada do PT. E isto NÃO É a reforma política que mudará. Esta é eleitoral, que ninguém quer nem falar para não mudar a mamata que é se eleger neste país e enganar os trouxas.

PS Lula, logo no início de seu primeiro mandato conseguiu detonar o instrumento do impeachment. Pesquisem e surpreendam-se...

Bjkas.
By the way.. Sai da rua, cacete!! Vai dar fezes, leva fé!!

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Sai das ruas!!

Meus queridos sobrinhos!!

Fiquem em casa. Fiquem em casa e troquem as ruas pelas mídias sociais e por emails (uma vez que as mídias são manipuláveis -sofrerão as "patrulhas" nome que a atual esquerda tinha pavor na época que se escorregava subrepticiamente pelas ruas para pegar e matar transeuntes de surpresa -estão no poder hoje em dia). Fiquem em casa pois a merda vai feder e muito.

Senão vejamos. Eu não sei se vocês tem o hábito de ler tudo o que posto, se tivessem já poderiam ter imaginado o cenário que irá se descortinar nas ruas nas próximas semanas. Tudo, claro, insulflado pela mídia que é a única instituição, até agora, ganhando dinheiro vivo com toda esta zona social.

Já havia alertado na divisão interna do PT onde muitos setores já não ombreiam a presidente. Claro que muitos que sustentaram Lula candidato e presidente, hoje já não tem primazia. Assim, voltemos a questão da MP dos Portos onde a presidente fez uma intensa campanha para quebrar o corporativismo nos portos de sindicatos, CUT, CGC e outros fortes que sutentavam e são simpáticos à volta das regalias com Lula no poder. Perderam a batalha da MP dos portos e o poder junto com ele. Essa manobra se deu por pressão de investidores internacionais em função da carestia de se operar em nossos portos, a maioria públicos e dominados por sindicatos. Falei da desistência da China escolhendo o trigo argentino ao nosso devido a tais problemas e majoração, desnecessária, dos preços.

Também publiquei artigos de outrem e comentários meus dando conta do enfraquecimento de nossa indústria e o apagão de mão de obra. Como somos uma sociedade de baixa cultura e leitura, a política de estímulo ao consumo enfraqueceu nossa indústria dando preferência a produtos e insumos importados, enfraquecendo, ainda mais o fraco desempenho. Novamente aviso de alerta de investidores externos que bancam quase tudo em função de nossa baixa capacidade de poupança interna.

A desorganização institucional avança e os investidores se afastando ou diminuindo investimentos. A bagunça começa a tomar forma.

Orquestradamente, a Comissão da Verdade começa a atacar e a desqualificar o Exército e as FFAA. Concomitantemente o julgamento do Carandirú toma corpo e forma de espetáculo, ou seja, as força que podem promover a segurança são fortemente desqualificadas ao nível de bandidagem. Não sem nexo, as UPP começam a dar "sinais" de esgotamento na Segurança Pública, novamento desqualificando a Polícia por sua "desnecessária" truculência.

Parêntesis, alertei que os caras não são amadores e que vocês estão sendo manipulados desde o primeiro "acidental" movimento do Passe Livre.

O PSDB aproveita o momento, após maturar e costurar possibilidades com investidores externos, "lança" Aécio como presidente do partido e candidato a presidência. Aí, conforme metáfora que escrevi, o PT disse assim "Ah!! É?!?! Vê o que faço!! Aí soltam o boato do fim do bolsa família e desnudou, ao mundo, um exército "reserva" de pacatos cidadãos, verdadeiras feras quando se mexe no bolso.

Os sindicatos, CUT, CGC, e outros ligados ao Lula prosseguem perdendo terreno nos portos e já falam, explicitamente, em lançá-lo a reeleição. A mídia, comprada, ajuda, estimulando o mais solene mutismo acerca do RoseGate. E nenhum dos esclarecidos cidadãos repara, até então.

Foro de São Paulo confirmado em SP e eis que surge, acidentalmente, no meio do nada, o Movimento do Passe Livre fazendo mais uma de suas várias manifestações pueris e impúberes, várias, note-se, não foi a primeira. E ninguém se perguntou porque logo neste a merda começa a feder. Claro que não se espera de quem não larga a televisão se lembrar ou saber que eles foram criados no Forum social, no primeiro ano do governo Lula, em PAlegre, na mesma data do Foro Econômico em Davos, na Suíça. Lula prefere ficar no social e mediante pressão vai para lá, apenas um dia, para falar da possibilidade da redução da fome no mundo. Holofotes garantidos por apedeutas de nível internacional, volta ele como herói para encerrar o Foro Social gaúcho. Como é que estes viadinhos do passe livre querem enganar dizendo-se apolíticos. Claro, contavam com a anomia social para tal.

Também lhes exemplifiquei que todas as vezes que se tem campanha para governador em SP ou prefeitura, Segurança pública é alvo preferencial petista, ônibus queimados, arrastões, invasões de prédios públicos e, claro está, truculência da polícia.

Enfim, queridos, lhes alertei acerca da entrada do MST, movimentos sociais e índios. Ressaltei que vocês além de estarem sendo manipulados, não são, nem de longe, páreo para eles. E muitos dos "em busca da liberdade cantando o "ouviramdú" prosseguem desqualificando, logo quem? a polícia!! Uma prima nossa já entrou na porrada num bar da Lapa no mesmo dia que lhes alertei no primeiro bilhete. Não leu, sifu, ainda bem que foi de leve, pelo que entendi. Novamente os inocentes e crédulos com filmes, fotos, etc de "policiais" agindo, no meio do nada, com truculência. Se gostassem de história, do Brasil, preferencialmente no período de 1961 até 1965 entenderia-me e antecipar-se-ia. Mas como história e leitura não é o forte...acaba se levando borrachada.

Alertei-os sobre o uso do exército petista, o MST e movimentos sociais. E hoje o jornal o GLOBO, de forma "surpreendente", noticia Lula, pretenso candidato, estimulando o MST e movimentos sociais para irem as ruas. Espero que agora acreditem um pouquinho no que digo: Virão os índios.

só para lhes relembrar, o MST degolou, degolou, cortou o pescoço de um guarda municipal gaúcho, em pleno centro comercial de PAlegre e FICOU POR ISTO MESMO, nenhum inquérito policial. Com os índios será bem pior, pois ninguém toca neles, vocês viram na televisão alguns lançando flechas contra polícia na recente desocupação apiedados por uma porrada de fulaninhos guarani-kaiowáa nas mídias sociais.

aí vocês perguntam: Pô mas e a polícia?!?! Cadê eles para nos proteger?!?!. Respondo, índio mata e não é preso por ser inimputável constitucionalmente. MST mata e fica por isto mesmo, o Exército acuado com equipamento de baixa qualidade e a polícia?!?! Ah!! A polícia virou alvo de vocês sendo constantemente filmada e desqualificada como truculenta. Aí eu lhes pergunto? Qual deles vocês acham que irão lhes defender de uma flechada ou foice, ainda mais com a mídia "interncional" já desembarcando para a semana que vem e próximas?. No cú, pardal!!

Ou seja, insisto, o Brasil não se entende no intervalo das novelas (aliás as reividicações atuais são uma piada de mal gosto de gente que não faz a menor idéia de onde o galo está cantando, que vergonha) e por isso é que tenho a convicção de que muitos estão indo às ruas pela atividade social intensa, dar uns tirinhos na mulher ou homem de outrem e tirar muitas fotos e postar no FACE e instagram, ou seja, ficar bem na porra da foto.

Ante o acima exposto, queridos sobrinhos, vão na fé, fiquem em casa, a rua não será para amadores. Haverá mortes acidentais nas próximas semanas, de ambos lados, e fará parte do atrito. Além dos jornais que venderão pacas, o único próximo ganhador será Lula, que voltará nos braços da sociedade em 2014.

Sai da rua, sai foguinho, vais queimar a bundinha!!
Sai da rua cacete!!
Bjs
.

Chico e a pátria distraída


Cantava Chico Buarque, sempre criticando governos militares e "de direita" uma música cult, tudaver, politicamente correta onde havia um trecho assim: 

"...dormia, a nossa pátria mãe tão distraída, sem perceber que era subitraída, em tenebrosas transações, meu Deus vem olhar, vem ver de perto esta cidade a cantar na evolução da liberdade, até o dia clarear, aí que vida boa o lê lê, aí que vida boa ô lá lá, o estandarte do Sanatório Geral vai passar..." Aí este apedeuta, esta anta que consegue ser famoso em meio a uma grassante plêiade de mentecaptos usa toda sua fama para virar garoto propaganda de Lula na sua eleição, re-eleição e eleição de Dilma e ainda tem gente nas ruas e nas mídias sociais colocando a foto dele como um dos referenciais do "acorda gigante". Cara, como a falta de leitura útil vem afetando a capacidade do cidadão de interagir com a realidade objetiva a sua volta, impressionante. Bem, vejam o resultado da Petrobrás que, a propósito, muito a propósito, banca, integralmente a Feira Literária Internacional de Paraty, trazendo os autores, nacionais e estrangeiros, com seus familiares, tudo tudo tudo bancado pela bomba de gasolina no posto.

Democracia participativa não é fácil nem é para qualquer um requer, no mínimo, muita leitura, muita leitura.
.

Da "cura gay"



Caros sobrinhos, bom dia, segue uma muito oportuna reflexão (não teria embocadura para tanto e eu sei que email longo é chato de ler, mas serve como antídoto contra a grassante e generalizada estultice ora presente nas mídias sociais e nas ruas):

"Os espadachins da reputação alheia, como escreveu Balzac, fazem questão de ignorá-la porque gostam de inventar inimigos imaginários para posar de mártires".


Vamos falar um pouquinho sobre o que está rolando no cotidiano?

Você não gosta do Marco Feliciano? Tudo bem, eu não gosto de jaca. Entretanto, eu não poderia falar mal da jaca naquilo que ela não faz. Eu não posso dizer que jaca é cancerígena, só porque eu não gosto dela. Mas posso dizer que tem um aroma e paladar insuportável para mim, pois eu não gosto.

Com relação ao Marco Feliciano, tenho discordâncias com sua teologia. E confesso que desconheço a atuação dele como deputado, então, neste ponto, eu teria que ficar neutro sobre qualquer opinião política. Mas não posso falar mal dele naquilo que ele não faz. A isso damos o nome de ética. Ser ético não quer dizer que você vai aderir a pregação da pessoa, mas apenas que você vai proceder com justiça.

Bom, como se faz milenarmente neste mundo, tiraram o cara para "judas" e distorceram um assunto sério, que não nem é de autoria de Feliciano; estamos falando do que a mídia tem chamado de "Cura Gay". Criaram um rótulo e empurraram pela goela das pessoas, que simplesmente aceitam a questão sem confirmar ou pensar.

Pensamentos prontos
Através da ironia, barulho e sem dar tempo para as pessoa pensarem, a mídia (ex: Programa CQC) tem dado para os telespectadores engolirem a opinião sobre o Projeto de Decreto Legislativo 234/11 de autoria do Deputado João Campos (PSDB-GO), que susta dois trechos de uma resolução do Conselho Federal de Psicologia. O projeto, com sua justificativa, pode ser lido neste link ( (http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=881210&filename=PDC+234%2F2011),
direto do Portal da Câmara dos Deputados (aquele junto ao Senado.gov que lhes sugeri incluir em suas visitas diárias).

Vivemos num momento de muita titulação acadêmica - o curso superior tornou-se o "segundo grau" do passado. Mas é um momento em que muitos têm títulos, mas não o raciocínio acadêmico, onde se pode pensar e dialogar. Onde o filósofo alemão Hegel já defendeu a dialética (que hoje se ensina, por fins didáticos: tese, antítese e síntese). Só que, em nosso tempo, as questões apresentadas ficam estacionadas na tese, e é ai que mora o perigo, pois a "tese" é sempre a do "politicamente correto". E quem tem feito feio nisso são diversos jornalistas, que opinam com o pensamento pronto - duvido que nenhum professor deles na faculdade tenha falado sobre a dialética - nem que seja o de metodologia científica.

Lembro-me quando eu era adolescente que uma amiga, da mesma idade que a minha, foi perguntada: "você gosta de roupa tal?". Ela pensou e disse: "não sei se eu gosto, tenho que ver na "Capricho" se eu gosto dela ou não". Capricho, como todos sabem, é um revista dirigida aos adolescentes. Pensem! Isso é um raciocínio imaturo, típico da idade, ela teria que consultar o que "todos estão dizendo", para aderir, se enquadrar e ficar "bem na fita". É o que muitas pessoas tem feito.

Porém, estamos falando de adultos que franquearam seu raciocínio à opinião dos outros: à militância gay e à mídia - corrompida, cheia de interesses, que controlam as massas, como um padeiro faz com a massa de pão. Algumas pessoa são apenas massa de pão, servem ao fim de quem as manipula, não pensam.

Mudança de sexo
O argumento de que um psicólogo não pode tratar um gay em suas crises de identidade de gênero é que a opção sexual não é uma doença. Eu vou forçar um pouquinho o raciocínio dessa turma e fazer um paralelo com a mudança de sexo.

No Brasil esse procedimento médico, de alta complexidade e custo, é legal, custeado também pelo SUS, e agora chama-se "readequação de sexo". Bom, vamos pensar, porque não custa nada: se uma intervenção pode ser justificada somente onde há uma doença para ser curada (e é por isso eles dizem que homossexualidade não pode ser curada, posto não ser uma doença [o que é verdade]), eu me pergunto: órgão sexual, por acaso é doença? Um pênis é uma doença no corpo de uma pessoa QUE JUSTIFIQUE INTERVENÇÃO MÉDICA?. Ora, bolas, pouca vergonha! Arrancar um órgão sadio para atender ao gosto do freguês é permitido E CUSTEADO COM IMPOSTOS DO POVO, mas uma pessoa ter o direito de ESCOLHER não ser gay e buscar, dentre outros suportes, ajuda profissional terapêutica para tratar seu conflito não pode??

Voltando...
O que chamam de "projeto de cura gay", não existe. Foi aprovado o projeto citado e lincado acima, que vai à outras instâncias, para retirar alguns trechos da resolução do CFP (Conselho Federal de Psicologia) que tocam na liberdade de expressão, escolha e debate sobre o assunto, incabível numa democracia, pois são atitudes autoritárias. Mas o texto da resolução que diz que não se pode patologizar a homossexualidade, nem haver coerção ou tratamento não solicitado FICA INALTERADO, respeitando a escolha do cidadão. A reparação foi com relação ao abuso e a intromissão, pois o oposto havia sido VETADO, ou seja, mesmo QUERENDO uma pessoa não poderia encontrar tratamento para SUA OPÇÃO.

Há um vídeo no Youtube, do próprio Marco Feliciano, explicando o assunto. Mesmo sem gostar da jaca, eu assistiria a um vídeo que falasse sobre ela, se isso fosse elucidador para mim. No vídeo ele não faz nenhuma das suas estripulias que faz nos púlpitos, antes são explicados argumentos, e isso com provas: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=LcClBBNeczc

E se você quiser ainda mais informações, sugiro que leia o texto de Reinaldo de Azevedo, da Veja, que trás os mesmos detalhes, com todas as evidências, desmentindo toda a questão, segue link: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/voce-lera-que-comissao-aprovou-projeto-de-cura-gay-e-uma-falsa-noticia-e-aqui-se-explica-por-que/.

Conclusão
A cura da cura gay é bem simples, posso apresentar apenas nessas próximas linhas, embora eu tenha procurado desenvolver um pouco o assunto a fim de apresentar opinião e fatos. Mas a cura é: o esclarecimento e a retirada da ignorância (no sentido de ignorar o assunto mesmo). Só que isso não há SUS ou médico que dê jeito. Só a escola.
Pense nisso.
.

Vai p'rá rua...


Atenção, atenção!! Em 1964 houve, também em São Paulo, uma manifestação incentivada pelo ESTADÃO e GLOBO, além da igreja antes de se impregnar de padres marxistas, chamada "Marcha da Família pela Paz". Ou seja, a "sociedade" pediu, os militares relutaram muito, foram as ruas e hoje a Comissão da Verdade está caçando, literalmente, aqueles que atenderam ao chamado da sociedade. Insisto, há muita manipulação subliminar nestes últimos dias, cuidado. A sociedade brasileira não gosta de ler ou de estudar sua própria história. Cuidado!!
.

O Gigante e o Foro




Meus queridos sobrinhos.

De antemão, perdoem-me a metáfora que utilizar-me-ei, todavia o gigante acordou, está confuso, caminha cambaleante em passos trôpegos em direção ao banheiro para se aliviar de todas as toxinas impregnadas em seu modorrento organismo ao longo de seu profundo sono e está sob uma ensurdecedora comoção social de "acorda!! acorda!! Vem prá rua!! Vem prá rua!!" Portanto, preparar-lhe-ei uma banheira cheia de gelo para que ele acorde, de vez, e em pouco tempo, procure se aperceber do risco que sua omissão e desconhecimento permitirá nossa sociedade iniciar sua sabática jornada para o caos social.

Destarte, considerem o PT apenas um prepúcio. Já o Congresso com 85% dos parlamentares fechados com o PT da Dilma mediante a constante e diária ameaça de não repasse dos recursos do orçamento, sendo eles apenas, apenas, apenas uma parte do topo da glande. 

Pelo amor de Deus, não queiram, não permitam que o resto da configuração biológica parnasiana adentre-nos após forçar, romantica e de forma "politicamente correta", nosso átrio esfincteriano, só parando no batente do músculo crematérico.

Vai na fé, diga NÃO ao Foro de São Paulo. O futuro de nosso país agradecerá, efusivamente!!
.

Royalties do Pré-sal




Meus queridos sobrinhos. 

Estou, deveras, feliz com o despertar do gigante adormecido. Todavia, ainda parece-me um "quê" de sonolento, confuso e de passos trôpegos em direção ao banheiro, dado o entusiasmo com as "promessas" e decisões adotadas por um Congresso nas mãos, pelo garrote dos repasses orçamentários, da presidente e do PT.

Infelizmente, contudo, neste nível tenho que falar, inevitavelmente, em política de partidos, o que não gosto. A questão é que a manipulação elevou-se das ruas para a mídia e Congresso.
Assim, vamos por parte "fatiar o gorila" para ver se conseguimos entender o que estão, efuzivamente, prometendo.
Reza a notícia hoje:

"Em "agenda positiva", Câmara destina 75% dos royalties para educação e 25% para saúde"


http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/06/1301477-camara-aprova-royalties-do-petroleo-para-a-educacao.shtml

Que lindinho, não?! Aqueles engravatados senhores devem ter dito assim: "Mandamo uma para ficar bem na foto e apaziguar os ânimos e vamo correr para o marketeito e descobrir como, ainda, conseguiremos ficar bem na foto para a reeleição ano que vem!!"

Então vamos lá:
Diz a notícia: 

"Produção de petróleo no pré-sal deve superar 1 milhão de barris em 2017" 

http://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/2013/03/producao-de-petroleo-no-pre-sal-deve-superar-1-milhao-de-barris-em-2017.html


Lááá em 2017. Sabem o motivo? Porque a extração é difícil pra cacete, não há tecnologia, no mundo, para fazê-la no volume e intensidade programados para a colossal "oferta", tampouco temos INFRA-ESTRUTURA, ainda, que aguente tal produção.

Ademais, nossa atual produção diária é de 1,85 BILHÕES atualmente, ou seja, uma plataforminha merreca, hoje, diariamente, já produz muito mais do que o navio principal que, ainda, não saiu do porto do SUAPE, irá produzir em 2017!!

Veja-se na notícia abaixo:

http://exame.abril.com.br/economia/noticias/producao-diaria-de-petroleo-em-marco-caiu-8-2


Desculpe-me insistir na premissa, entretanto ser-lhes-á muuuuito difícil querer entender o Brasil nos intervalos das novelas e após um sono profundíssimo depois de uma festa rave da pesada. Daí a metáfora do "fatiar o gorila" para comê-lo aos poucos.

Queridos, exultai-vos, todavia, com os pés no chão!!
Bjs
.

Querido e saudoso amigo Joel.




Muito me sensibilizei com sua msg hoje dando conta da ausência de minhas opiniões no espaço da nossa turma 75. Confesso a você que, ali, joguei a toalha. 
Eu tenho me manifestado do Face, a pedido de minha querida afilhada, ansiosa em entender todo este turmoil convertido em riot de ruas. Acredito que apenas mais um outro sobrinho se interesse, em respeito apenas a, ao menos, abrir algo que posto. Dessa forma optei em me manifestar nos "bilhetes para meus queridos sobrinhos". Uma forma de repassar, informalmente, o que observei nos últimos vinte anos de pesquisa e observação mais aprofundada da complexa vida brasileira. Neste espaço tenho usado outro jargão, uma vez que os que postava no nosso mailling group não pareciam demover ninguém da inexorável pasmaceira: "Não esperem entender um país complexo como o Brasil nos intervalos das novelas e jogos de futebol". Enfim, mais do mesmo que venho enchendo o saco dos mais chegados nos últimos anos.
Vinha, ao longo dos últimos dez anos, conclamando os colegas que aderiam a nosso e-group uma participação mais objetiva, uma vez que somos cinquentões, todos com cargos de relevância em nosso meio social e com uma notável capacidade de influenciar outrem. Todavia, os papos risíveis e cheios de platitude e a, inexorável e contumaz sacanagem na qual qualquer assunto de relevência que, por mim, era tratado pelos que, ao menos, tinham saco de perder seus preciosos cinco minutos de exposição junto àqueles que consideramos "família" além de amigos. De fato, a textura e resistência da dilatação do tecido escrotal aumentou a tal ponto que a resistência mecânica do músculo cremastérico não pode conter a inflagem natural do legítimo "saco cheio", daí ter achado melhor respeitar mais a mim, do que os demais, e passei a pontuar breves opiniões no Face, local onde já considero um retiro sabático.
Enfim, caro amigo, em nome de nossa amizade e respeito responder-lhe-ei da mesma forma que venho fazendo a meus, supostos, dois sobrinhos que, pelo menos, em tese, estão lendo minhas vãs divagações.
Antes, porém, gostaria de repisar o que venho falando a desde o início das breves missivas: "É impressionante como o PT e governo petista manipulam bem a sociedade, incrível, principalmente nestes últimos turmoils de rua." Claro está que a expressiva quantidade de leitores acha isto um absurdo. 
Senão vejamos os motivos pelos quais ainda não abandono esta opinião: O governo, uma vez mais, está manipulando a emoção de uma sociedade que vive sua democracia participativa mais com o coração do que com o cérebro.
Começaria com os vários avisos que dei acerca da atenção exacerbada dos politicamente corretos e "querentes em ficar bem na foto" expuseram-se contra o deputado-pastor em sua presidência da Comissão de DH. Já ali a minipulação, para quem acompanha com atenção a vida política nacional e não as novelas, estava flagrante, posto que o deputado-pastor não só era simpatizante da presidente como foi chamado no momento que ela decaía nas intensões de votos entre a comunidade evangélia ao defender, em campanha, o aborto. Ele liderou uma reviravolta e ela é presidente. Aí, indicado pela esmagadora maioria de partidos que compõem a base aliada ao governo, ele é indicado a presidir a Com Dir Humanos. Que coincidência, lhes alertei, ao mesmo tempo que ressaltava a discretíssima nomeação de João Paulo e Genoíno para a CCJ. E, acessando as páginas do Senado.gov e Camara.gov, conheci as PEC 33 e 37. Bem, avisei no email da turma mas nosso colega, especialista em desqualificar minhas colocações, extrurjou um profético e de profundo senso de filosofia "nadaver". Aí, por não encontrar estofo edesinteresse dos demais, desisti. Aqui no Face, a mesma coisa aconteceu e, surpreendentemente, agora, pululam avisos e posts revoltados contra algo que era líquido e certo. Manipulação que teve como alvo aqueles que se importam muito mais com minorias e animais do que com coisas sérias para a Nação, tanto reconhecem que é mais sério que vejo agora as "revoltas" por ser um tema que "virou um lugar comum" e, portanto, passível de se ter algumas manifestações enquadradas na categoria do politicamente certo e bem na foto.
Bem, eis que surge um movimento "inédito" para expressiva quantidade de brasileiros, o MPL. A memória curta de uma sociedade pouco habituada a leitura se reflete por intermédio do alerta de Carlos Brickmann
"Tudo começou como um movimento de extrema esquerda: na primeira passeata em São Paulo, militantes do MPL, PSTU, PSOL e PCO, com bandeiras, estavam à frente, bloqueando a Avenida Paulista.
O MPL, Movimento Passe Livre, foi criado pelo Fórum Social Mundial, organização assumidamente de esquerda, na reunião de 2005.
O domínio de Internet usado pelo MPL pertence a uma ONG próxima ao PT, Alquimídia, que recebe recursos da Petrobras e do Ministério da Cultura e até o início das passeatas trazia no site os símbolos governamentais." Lembra-se que na época, em emails da turma eu chamei este Fórum de "Summit dos Apedeutas"?!?! Pois é, já naquela época, após os vários avisos por ocasião da febre mental coletiva que se abateu no povo brasileiro ao aceitar o "Lulinha Paz e Amor" de sua primeira campanha a presidência. Uma vez mais, uma grassante e grotesta manipulação petista para se atirar o foco não na prefeitura petista, mas sim no governo por intermédio da "inseguraça pública". Isto, também, alertei sistematicamente meus contatos com meus posts, uma vez mais, não entendidos. Ressaltei-lhes que somente o PT e sindicatos a eles ligados é que tinham AMPLA experiência em mobilizações e que, JAMAIS, uma sociedada, até então, anômala e abúlica poderia se mobilizar de forma tão logisticamente organizada. Claro está que sem ONG e sindicatos na articulação as cidades não agiriam com tanta concomitância organizada. 
Enfim, assim como lhes alertei nos emails da turma, também o fiz no Face alertando para a candidatura do atual Min da Saúde, Padilha e Lindinhoberg Faria ao governo carioca. Neste particular relembro ter reconhecido a incrível e inigualável capacidade de manipulação das massas por parte de Lula que conseguiu abraçar um burguesinho da zona sul carioca para ser prefeito da segunda maior cidade do RJ, Nova Iguaçu. Ele não só ganhou como deu uma verdadeira coça nos antigos caciques fluminenses elegendo-se, em primeiro turno com mais votos que aqueles somados. E em São Paulo, goela abaixo, um ilustre desconhecido como adm público, Haddad. Há de se convir que Lula, de fato, é foda, há de se tirar o chapéu para ele. Ademais creio que ele apostou alto nas duas sociedades que, historicamente, não levam eleições muito sério, elegendo um rinoceronte como vereador e palhaço como deputado de maior votação histórica na nação, e no Rio, emplacou como senador, o Lindinhoberg Faria, a sociedade carioca elegeu um macaco como vereador além de Juruna, Carlos Imperial e outros próceres da mais profunda e absoluta nulidade representativa social séria. By the way, continuo apostando que tanto Padilha e Lingberg serão os novos governadores. Os motivos lhes falei na página da turma e repeti aqui: RJ e SP serão os estados na Am Latina que concentrarão a maior quantidade de investimentos estrangeiros nos próximos dez anos, e como o governador é o preposto federal da contra partida, jamais o PT deixará uma assinatura daqueles contratos nas mãos do PMDB e PSDB.
Na turma, e não no Face, também entendi ser uma manobra sutil para desqualificar Dilma e relançar Lula como o principal articulador político, pois a ignara ainda insiste que quem elege e mantém o PT no poder é o Bolsa Família.
Outro ponto é o congresso do Foro de São Paulo, que há anos venho alertando os colegas e contatos e a reunião dar-se-á, em SP, no mês que vem. Ainda assim, tal importante Foro ainda é um ilustre desconhecido para a sociedade, apesar da altíssima capacidade de dano social que eles e a UNASUL nos causarão ao embalo de músicas e gingles "de esquerda cult e politicamente correta". Lembra-me aquele filminho visto na EPCAR, em nossa tenra juventude, do pintinho piando, piando, piando e caminhando, candidamente, para a boca aberta da serpente. É como hoje estamos.
Por fim, caro amigo, também alertei ambos lados acerca da Economia da Felicidade, inaugurada por Dilma (falei nisto uma PORRADA de vezes) e que tem uma comissão, muito discreta, querendo estimular plesbicitos ao invés de votação formal no país, ou seja, depois do STF, será a vez do TSE. O primeiro plesbicito será lançado para se refazer a grande cagada que redundou em nossa Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 onde uma cacetada de incompetentes foi eleita como deputado e senador constituinte e restou uma constituição confusa, anuente, que até hoje tem uma esmagadora quantidade de leis ainda sem ferramentas de aplicação, formal, votadas, e que dá ao cidadão uma enorme força de preservação de seus "inalienáveis" direitos individuais e absolutamente nenhuma responsabilidade. Daí a paulatina e inexorável construção da atual zona que vivemos. Ademais, cá prá nós querido e saudoso amigo, você acha que, realmente, o cidadão brasileiro, até então absolutamente avesso a entender de política, responderá um plesbicito de forma madura, responsável e coerente, sem entender absolutamente PORRA NENHUMA do que está acontecendo a sua volta?!?!? Fala sério, fala sério!!
Enfim, caro amigo, os articulistas que ganham o triplo que eu dando opiniões vagas e politicamente corretas na televisão acham que foi expontâneo e que não houve interferência partidária. Eu insisto ser manipulação pelos motivos acima elencados.
Enfim, amigo, como ninguém neste país, dá atenção a velho ou aceita sua experiência de vida e formação, confesso que venho perdendo o saco de, até, perder meu tempo no Face. Ainda mais depois de apanhar no simulador de vôo em SP onde o moral dá bem baixo 
É isso pêxe, entrei em meu sabático na turma, não sei se volto a lá me manifestar. Quem sabe o que penso já conhece o endereço do blog. Aliás venho, há anos, ressaltando que o importante é ler os artigos que seleciono de gente melhor preparada que eu, ao invés de ler o que escrevo.
Por fim, amigo, só vou levar a sério este "levante" nacional se as páginas do Senado.gov ou Camara.gov passarem a ser alvo de visita regular dos recentes "politicamente esclarecidos". Como acho isto muito improvável de acontecer, não me surpreenderei com uma colossal substituição de seis por meia-dúzia no congresso em 2014.
Como diria aquele socialite "intelectual" carioca, bem ao nível de nossa turma: "Ademã de leve, tô vazando!!"
Fortíssimo e saudoso abraço, querido amigo Joel.
.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

É necessário preservar a racionalidade

EDITORIAL O GLOBO
O GLOBO


A insatisfação com a qualidade dos serviços prestados à população é quase um denominador comum no Brasil, e uma das motivações dos protestos que estenderam pelo país fora é que, se houver vontade política, será possível, de fato, melhorá-los. O atendimento às exigências da Fifa para a realização da Copa do Mundo no Brasil aparece nos cartazes dos manifestantes como uma evidência que existem condições para que os serviços deem um salto qualitativo.

São muitos os fatores que afetam essa qualidade, nem todos financeiros. Mas, sem dúvida, são necessários consideráveis investimentos para se atingir um padrão razoável nos serviços. No caso dos transportes, urbanos ou não, é ilusão acreditar que somente investimentos públicos resolveriam o problema. Para esse esforço devem ser atraídos empreendedores privados.

E nesse sentido, as respostas dadas pelas autoridades ao clamor das ruas servirão, na verdade, para agravar o problema, em vez de solucioná-lo. Congelamento de tarifas (e pedágios, como fez recentemente o governo do Estado de São Paulo) afetam, o equilíbrio econômico das concessões. Tal atitude só faz sentido se for calcada em critérios técnicos. Se a interferência política se tornar a tônica que regerá as concessões não será mais possível contar com investimentos privados daqui para a frente.

E para os contratos em vigor, o congelamento é uma falsa solução, pois os contratos de concessão estão respaldados em contratos que asseguram o equilíbrio econômico e financeiro enquanto estiverem em vigor. Então, se as tarifas congeladas comprometerem esse equilíbrio, o contribuinte é que fatalmente pagará a conta, já que os recursos sairão dos cofres públicos.

Se a capacidade de investimento do setor público, para obter a melhora na qualidade dos serviços reclamada pelas ruas, hoje é reduzida, deverá encolher ainda mais caso os subsídios ao sistema de transporte se ampliem. O montante dos subsídios apenas no município de São Paulo ultrapassa o valor de R$ 1,2 bilhão, e isso antes do congelamento. No Rio, não havia subsídios para os ônibus urbanos, e agora já se fala em uma conta de R$ 200 milhões. Os investimentos que a prefeitura vem promovendo na criação de corredores exclusivos ou preferenciais para ônibus estão aumentando a capacidade de transporte do sistema, ao reduzir o tempo das viagens. Com isso, vinham sendo criadas condições para que parte dos ganhos de produtividade sejam transferidos para a melhora dos serviços ou até mesmo para as tarifas (considerando as distâncias percorridas, o Rio já tinha uma das tarifas mais baixas entre as grandes capitais, obrigando os demais modais - trens,e metrô e barcas - a acompanhá-las)

Portanto, se não for pelo caminho da racionalidade, não será possível atender ao clamor das ruas.
.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Fantasia desorganizada

 RUBENS RICUPERO
FOLHA DE SP

Se nossos jovens quiserem purificar o sistema político, eles terão de canalizar a insatisfação para as eleições

Não é com as Diretas Já ou o Fora Collor que se parecem as manifestações atuais.

Aquelas iniciativas foram enquadradas e dirigidas por líderes políticos. Possuíam objetivo único e bem definido: o fim da ditadura, o fim de um presidente. Visavam, no fundo, substituir os que detinham o poder.

O movimento de agora é um primo pobre e muito longínquo de Maio de 68. Não apenas na maciça participação de jovens e estudantes, na caótica desorganização (Maio de 68 era bem mais estruturado), na rejeição do sistema político.

As maiores semelhanças são de essência: não querem conquistar o poder, mas, num caso, o de 68, "mudar a vida", no outro, "mudar o Brasil".

O Movimento Passe Livre é muito mais prosaico no ponto de partida: o protesto contra o aumento das passagens. Se desta vez o protesto "pegou", foi porque o descaso com a inflação provocou o agravamento dos conflitos distributivos, como dizem os economistas.

O MPL não tem nem de longe a radicalidade universal do sonho utópico de Maio de 68. Tampouco se compara com os parisienses no sopro poético de buscar no Manifesto Surrealista a inspiração para inesquecíveis slogans como: "Seja realista: exija o impossível!".

Não obstante, os manifestantes brasileiros não carecem de virtudes estimáveis. Restabeleceram o exercício direto da cidadania, demonstraram que o mar de corrupção não afogou a consciência moral dos jovens, revelaram senso de hierarquia de valores e prioridades superior ao de um governo empenhado em anestesiar os cidadãos com o desperdício circense da Copa.

Onde os nossos jovens se meteram num beco sem saída foi na rejeição em bloco de toda a política. Se quiserem purificar o sistema político, terão de enfiar as mãos na massa, canalizar a insatisfação para as eleições, único meio legítimo de conquistar o poder e mudar a sociedade.

Os discípulos de Marcuse não queriam virar governo por crerem que todo poder é dominação e alienação. Condenaram-se à impotência e ao niilismo: não é de surpreender que tenham dado lugar aos movimentos terroristas dos anos de chumbo.

Nosso movimento é uma manifestação a mais da crise mundial da democracia representativa. A saída, porém, está em construir mecanismos de participação direta que corrijam os desvios do sistema. Como, por exemplo, o "recall", a revogação do mandato pelos eleitores.

Não será fácil, mas um foco claro como esse é mais exequível do que esperar que um sistema irremediavelmente sórdido e corrupto se reforme sem pressão irresistível do povo.

A euforia das passeatas, a intoxicação de se sentir ator e sujeito do próprio destino, traz de volta o que ensinavam os gregos: a mais nobre expressão da vida humana é participar do governo da cidade. Para isso, é preciso ter, como dizia Celso Furtado, uma "fantasia organizada".

Não se pode ter manifestação sem itinerário, sem segurança que elimine os provocadores, sem respeito à liberdade e propriedade alheia.

Na falta disso, cai-se no "espontaneismo". Na Espanha, espontâneo é aquele entusiasta de tourada que salta na arena para tourear com o paletó. Quase sempre acaba em tragédia e chifrada...
.

A rebelião dos desprezados


Fernao Lara Mesquita
O Estado de S. Paulo



Pier Paolo Pasolini, cineasta italiano assassinado em 1975, cpoca em que o mundo estava em convulsão e as manifestações violentas eram uma epidemia global, era um contestador radical e homossexual assumido quando essas duas coisas davam cadeia (hoje dão prêmio) e, como tal, um ídolo da esquerda revolucionária do seu tempo. Mas, para desgosto das facções do seufa-clube que acreditavam que a santidade era um atributo exclusivo do proletariado do qual os manifestantes de então pretendiam ser "a vanguarda", dizia que, "quando a polícia e os estudantes se confrontam nas ruas, a polícia é que é o povo". Foi o que me veio à lembrança na quinta-feira, quando constatei, digamos, o "protago- nismo" com que a polícia espancava manifestantes quase dentro de um hospital do Rio.

Eles não estavam seguindo ordens. Aquela fúria, que eu já tinha assinalado com arrepios de incômodo em vários outros episódios pelo Brasil afora nos últimos 14 dias, era tão "espontânea" quanto esta edição brasileira da "manifestação em rede" que guarda não poucas similaridades com as que têm pipocado pelo mundo afora.

Com a esquerda daquela época no poder hoje, neste Brasil de onde não se vê o Muro de Berlim, o que mudou em relação aos tempos de Pasolini foram a roupagem ideológica da contestação dos estudantes e o entendi- mentogeral de que "o povo" tanto pode encarnar Deus quanto o diabo. Mas a questão de classe simbolizada nos confrontos continua a mesma. É por isso que, se me entusiasmam e enchem de esperança quando as avalio só com um olhar brasileiro, essas manifestações não me animam tanto quando as coloco num contexto mais amplo.

Quem está nas ruas puxando essa parada (na qual tomam carona incendiários, saqueadores e pit bulls de todas as vertentes da psicopatia) não é a classe dos excluídos da economia, é a classe dos desprezados da política nas democracias de massa.

Aquela em nome de quem nenhum partido fala e para a qual nenhum partido apela. Aquela que só é chamada para pagar a conta da festa das classes eleitoralmente significativas (entre cias a dos muito ricos) a quem os governos não se cansam de fazer afagos e todos os outros partidos cortejam, à custa do presente e do futuro dessa classe média que se tomou classe média por esforço próprio. Espremida entre os "ganhos de produtividade" do infindável tsunami das fusões e aquisições e os impostos e a inflação que sustentam ò welfare state lá fora ou a "rede de proteção" dos sem nada, mas cheios de "bolsas" aqui dentro, esta não é bom negócio representar quando o que se tem em vista são eleições.

"Não nos representai Não nos representa!" é o refrão mais repetido na cacofonia de pleitos dos cartazes das manifestações. Mas, lido pelo avesso, mais que um grito de guerra ou um esgar de rejeição, ele soa como um pedido de socorro: "Ninguém me ama, ninguém me quer...".

A última eleição registrou quase 29% de votos em branco, 9,85% de nulos e 19,1% de abstenções em todo o País. São esses os desprezados que os caçadores devotos ignoram. É deles que os governos tomam 34% do PIB que não viram nada senão suborno eleitoral ou presentes do BNDES para os outros 71%.

Roubados agora; roubados do seu futuro pelo buraco que se vai cavando por baixo da sucateada infraestrutura que deveria sustentar as suas condições de trabalho mais adiante. E tudo só para dar aos donos de tetas mais tempo como donos das tetas.

No país da bunda de fora, tudo é mais explícito e mais ofensivo, é verdade. Mas o fenômeno é universal. Num mundo de especialistas em pedacinhos da realidade, a política não poderia ficar de fora. A democracia de massa leva obrigatoriamente à especialização na caça ao voto, mesmo para os mais bem-intencionados. Sem isso não se chega ao poder, mesmo se a intenção for usá- lo para o bem. É isso que põe em risco a sobrevivência da democracia, a forma menos ruim de se estruturar o poder.

A democracia que conhecemos foi inventada para estabili- zaruma sociedade homogênea, a única tão homogênea assim no ponto de partida que uma série improvável de acidentes

históricos produziu. Uma sociedade de pequenos proprietários alfabetizados que não tinham tido tempo para cavar grandes fossos de desigualdade uns entre os outros.

A regra de maioria só não oprime quando o fosso não é muito amplo nem muito fundo e, portanto, os interesses são próximos e não excludentes entre si.

Só assim o sonho da tolerância pôde descer dos devaneios dos filósofos e se instalar no panteão dos fundamentos de uma ordem social concreta.

Mas o fosso está se ampliando e afundando mesmo na sociedade que inventou a democracia moderna. No apogeu da sua^tra- jetória rumo à igualdade de oportunidades, ela trombou de frente com a única contribuição concreta do socialismo real além dos monopólios estatais, que foi a legião de miseráveis sem nenhum direito que ele criou e que, derramados pela internet sobre

o mercado globalizado, estão empurrando o mundo todo de volta ao capitalismo selvagem.

As classes médias urbanas educadas e conectadas, a tal "burguesia" que o PT odeia e que, em todos os cantos do mundo, não tem quem fale por ela e reage como pode, via internet, é, onde quer que se olhe, a vítima empobrecida dos "campeões nacionais", dos too big to faily dos monopólios estatais ou seja lá que nome lhes deem. os governos que os patrocinam e tomam indecentemente ricos e que, em troca, financiam as vastas operações de compra de votos para seus patrocinadores via a promoção de miseráveis para mise- ráveis-e-um-pouco e de desempregados para meio-empregados em curso no planeta inteiro.

Eles são os primeiros emigrantes para o Novo Mundo da Aldeia Global lá do futuro, onde, então em escala planetária, haverão de ser reeditadas um dia reformas como as da Progressive Era (1870-1920) com que os americanos ensinaram o mundo a domar e opor uma à outra as feras do Capital e do Estado, o que permitiu que quatro ou cinco gerações de privilegiados que os imitaram em diferentes rincões do planeta tivessem um gostinho antecipado do que ainda há de ser a sociedade global de amanhã.

Jornalista, escreve em www.vespeiro.com
.

O inverno da nossa insatisfação


Guilherme Malzoni Rabello

As manifestações das últimas semanas mudaram o cenário político brasileiro. No entanto, ainda é cedo para dizer se esse inverno de insatisfação vai se transformar num verão glorioso para a democracia. A marcha das ruas nem sempre tem o passo firme e várias questões continuam em aberto.

Por se tratar de um movimento sem orientação clara, o risco é a mobilização se virar contra a própria política e, consequentemente, contra a democracia e alguns valores que lhe são essenciais.

Esses elementos estiveram presentes desde o início na ideia de que é preciso parar a cidade para se fazer ouvir, ganharam tons preocupantes quando os manifestantes se recusaram a negociar com a polícia e nas várias vezes em que a imprensa foi hostilizada. Não se aperfeiçoa a democracia no grito.

Mas, apesar dos riscos, o fato é que não se viu por aqui uma mobilização como essa nos últimos 20 anos. A novidade pode trazer bons frutos, sobretudo quando entendermos as causas e consequências do que está em curso.

É peculiar a tal geração Facebook colocar 1 milhão de pessoas nas ruas sem uma reivindicação concreta. A explicação para esse sentimento de insatisfação sem dúvida passa por problemas conhecidos: a péssima qualidade da saúde, segurança, educação, transporte etc.

Mas uma peculiaridade da democracia brasileira talvez ajude a entender o perigoso flerte com esse ódio à política.

Temos no Brasil eleições transparentes, instituições independentes e liberdade de imprensa. No campo dos princípios, porém, todos os partidos relevantes se misturam na mesma sopa ideológica. À falta de ideias e valores, o debate se restringe ao marketing e a etéreas diferenças de gestão --o que, somado à corrupção reinante, transforma nossa política em politicagem.

Nessa degradação talvez esteja uma parte da explicação para um movimento que começou organizado por um grupo de esquerda e na última quinta-feira tinha entre seus participantes, segundo o Datafolha, 61% de liberais ou extremos liberais.

A indefinição faz com que seja muito difícil prever as consequências dos protestos para o jogo político. Em breve a agitação diminuirá (os que são tão sábios e tão jovens, dizem, não duram muito tempo). Restará então a tentativa natural e desejável das forças políticas se apropriarem da novidade.

A primeira iniciativa foi posta em curso na semana passada pelo PT. Mas parece que nem o pronunciamento de Dilma Rousseff foi suficiente para reverter a imagem de um partido e de uma presidente acuados, nem as medidas requentadas satisfizeram quem estava nas ruas.

Resta saber qual será o caminho das outras forças políticas. O Datafolha mostrou que os dois "candidatos" preferidos dos manifestantes eram Joaquim Barbosa e Marina Silva. Marina já apareceu em entrevista nesta Folha tentando reivindicar seu legado. É verdade que ela vem construindo sua imagem em cima de uma negação inespecífica da política, sempre se colocando acima do jogo partidário, mas isso é ruim e irresponsável: Marina Silva é um político como qualquer outro e, quando ela nega esse fato, quem sofre é a própria democracia.

Por fim, Joaquim Barbosa não é político e sua presença mostra que a oposição não soube fazer o seu papel: especificamente, o de trazer o mensalão para o centro do debate, mas também o de discutir princípios para além da apatia reinante.

Se esse choque de realidade acordar alguma força política para o debate de princípios, as manifestações terão sido positivas. A democracia no Brasil precisa de uma oposição que vá além do discurso administrativo. Senão, o risco será perceber tarde demais que, por trás do que parece santo, há quem faça de diabo o maisp(tagline que pode.

GUILHERME MALZONI RABELLO, 29, é fundador do Instituto de Formação e Educação e editor da revista "Dicta&Contradicta"
.

Revoltados e atrasados


GUILHERME FIUZA
REVISTA ÉPOCA

O melhor diagnóstico até agora sobre as manifestações de rua veio do ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência. Ele disse que as revoltas são estaduais e municipais. Não deixa de ser um alívio. Quem quiser ficar a salvo da confusão, já sabe: refugie-se no Brasil federal. Nada de ficar vagando pelo Brasil estadual e municipal, porque esse anda muito perigoso, cheio de gente insatisfeita e nervosa. No Brasil federal não, está tudo tranquilo.

Por sorte, Dilma Rousseff também está no Brasil federal, portanto a salvo do tumulto. Desse lugar calmo, sem culpa, ela disse que o que os manifestantes querem é o que o governo quer. São praticamente almas gêmeas. "Meu governo está ouvindo essas vozes pela mudança. Está empenhado e comprometido com a transformação social", informou Dilma. Disse que passeata é uma coisa normal, que ela mesma já fez muito. Parecia prestes a botar uma mochila nas costas e ir para a Avenida Paulista fazer a transformação social.

E mostrou sua visão de estadista: "Esta mensagem direta das ruas contempla o valor intrínseco da democracia".

Às vezes, Dilma exagera na erudição. Vai acabar deixando Luís de Camões encabulado. Ela já explicara que o combate à inflação é "um valor em si", demonstrando conhecimento profundo sobre as coisas da vida e seus valores intrínsecos.

"Esta mensagem direta das ruas é de repúdio à corrupção e ao uso indevido de dinheiro público", afirmou Dilma, praticamente uma porta-voz dos revoltosos contra tudo isso que aí está.

Olhando para o circo, só há uma conclusão possível: os revoltosos - os do passe livre, os dos 20 centavos, os do Ocupem Wall Street sucursal brasuca, os do turismo cívico e os do civismo vândalo - merecem Dilma. Repetindo: os revoltosos merecem Dilma. Mais que isso: são cúmplices dela, pois estavam sentadinhos em casa, enquanto a grande líder mulher brasileira perpetrava suas obras completas de explosão das finanças públicas - a céu aberto, para quem quisesse ver. Agora a inflação dói no bolso? Tarde demais, meus queridos justiceiros.

Essa "presidenta", que vive lá na calmaria do Brasil federal com seus 40 ministérios (contando o do marketing, de João Santana, o único essencial), presidiu, entre outras festas, a distribuição de dinheiro público para o milagre da multiplicação de estádios da Copa. Em São Paulo, numa jogada comandada por Lula e seus amigos empreiteiros (que ele representa no exterior), o histórico Morumbi foi mandado para escanteio. Em seu lugar, surgiu o Itaquerão, novinho em folha, presente do ex-presidente ao seu clube do coração. Um mimo de R$ 1 bilhão. Sabem de onde vem esse dinheiro, bravos manifestantes? Exato: dos vossos bolsos. E onde estavam vocês quando nos esgoelávamos, aqui da imprensa, sobre essa gastança populista, protegida por índices lunáticos de aprovação da "presidenta", e avisávamos que a conta chegaria? Vocês não leem jornal?

Onde estavam vocês, quando a CPI do Cachoeira - com revelações da imprensa - estourou o esquema da Delta, empreiteira campeã de obras superfaturadas do PAC? Vocês sabiam que mais esse ralo de dinheiro público do governo popular ficou impune porque a CPI foi asfixiada por Dilma e sua turma? Por que vocês não saíram às ruas para gritar contra esse golpe?

Onde estavam vocês quando a "faxineira" asfixiou a CPI do Dnit e a investigação do maior foco parasitário de um governo que - no seu primeiro ano! -teve de demitir sete ministros suspeitos? Vocês não desconfiaram de nada? Vocês não leram que o dinheiro de vocês escoava para ONGs de fachada em convênios fantasmas? Vocês não viram essa praga, espalhada por vários ministérios do governo popular, apesar de a imprensa esfregar o escândalo na cara do Brasil? Vocês não notaram que a tecnologia do mensalão, a privatização partidária do dinheiro público, nunca saiu de cena, de Dirceu a Rosemary?

Vocês chegaram tarde, meus caros revolucionários. Quando o bolso dói, é porque o estrago nas contas públicas já é grande. Bem, antes tarde do que nunca. Mas prestem atenção: entendam logo o que vocês estão fazendo nas ruas, senão suas passeatas em breve estarão no mesmo museu dos escândalos que vocês não viram.
.

Indignai-vos nas urnas!

RODRIGO CONSTANTINO
O GLOBO

Motivo para revolta é o que não falta. Aquele cenário maravilhoso que o governo pintava não existe. Nossos pilares são de areia, e o inverno está chegando. O descaso com a população por parte das autoridades é enorme, as prioridades são todas desvirtuadas, e o rumo precisa mudar radicalmente.

Mas confesso não compartilhar da euforia que tomou as ruas das principais capitais do país. Há uma insatisfação generalizada e difusa, sem foco. Não adianta ser contra “tudo que está aí”. É preciso compreender melhor o que nos trouxe a esse quadro, e como mudá-lo. Temos que gerar mais luz e menos calor.

Além da grande cacofonia nas ruas, cada um com uma demanda diferente, há grupos radicais de esquerda tentando se apropriar dos protestos. Afinal, isso é o que eles sempre fizeram: incitar as massas e criar baderna. Separar o joio do trigo é crucial. Vândalos devem ser contidos, saques e agressões aos policiais devem ser reprimidos com todo o rigor da lei. Manter a ordem é fundamental.

O clima anárquico só interessa aos golpistas de plantão. Uma turba descontrolada é um convite a uma intervenção estatal rigorosa. A Revolução Francesa sofreu desse mal, levando ao Terror de Robespierre, e depois à ditadura de Napoleão. Maio de 68 foi outro exemplo de caos produzido pela juventude entorpecida por utopias revolucionárias.

Consigo entender perfeitamente o desespero de muitos, cansados de nossa política podre, da ausência de alternativas sérias, da impunidade, do transporte caótico, a saúde pública em frangalhos. Tudo isso é totalmente legítimo. Mas precisamos canalizar essa energia toda para forças construtivas, e não destrutivas.

Sou bastante crítico a este governo. Meu julgamento da era petista é o pior possível. Nunca antes na história deste país se viu tantas trapalhadas conjuntas, tanta incompetência, tanta mediocridade e safadeza. O PT segregou o país, comprou votos com esmolas estatais, aparelhou a máquina do Estado e demonstra forte viés autoritário.

Estamos pagando um alto preço por essa inoperância, agora que os ventos externos pararam de soprar na nossa direção. Dilma não fez uma única reforma estrutural importante, exagerou no populismo e permitiu inclusive a volta da alta inflação. Meu veredicto é o mais duro possível contra a presidente e sua equipe.

Dito isso, não consigo mergulhar com muito otimismo nas manifestações das ruas, até porque tenho sérias dúvidas se este é também o diagnóstico dessas pessoas. Muita gente acaba demandando mais intervencionismo estatal como solução. Querem mais do veneno! Bandeiras demagógicas, como “passe livre”, também abundam. Esse, definitivamente, não é o caminho.

O que fazer então? Sei que a nossa democracia é muito falha. Quem pode ficar feliz com esse Congresso? Mas não acredito muito em revoluções populares, que costumam sair do controle. Prefiro apostar na evolução de nossas instituições, hoje capengas e ameaçadas. Precisamos lutar dentro da própria democracia, com as armas da legalidade, respeitando o império das leis.

Essa via leva mais tempo, tem solavancos, exige concessões, demanda paciência, aquela que está prestes a se esgotar. Mas ela é mais sólida, mais sustentável, mais pacífica. O principal valor da democracia representativa não está em suas “fantásticas” escolhas (Lula?), mas em sua capacidade de eliminar grandes erros de forma pacífica.

Conquistamos a duras penas o regime democrático, e criamos algumas instituições republicanas importantes, como a liberdade de imprensa e a independência dos poderes. Não foi no ritmo que desejávamos, tampouco da qualidade que almejamos. Mas precisamos preservá-las. Hoje mais do que nunca, justamente porque elas estão em xeque, sob constante ataque de minorias organizadas e barulhentas.

Nenhum partido atual representa minha visão liberal de país. São todos eles intervencionistas, depositando no Estado um papel demasiado de controle sobre nossas vidas e recursos. Mas nem por isso penso que a solução é uma espécie de “revolução apartidária”. Em política não há vácuo; ele logo é preenchido por alguém. Que não seja um aventureiro, um “messias” salvador da Pátria. Ou salvadora.

Eis minha sugestão aos brasileiros cansados dessa situação: indignai-vos, mas nas urnas! Não será a escolha ideal, mas o ideal existe somente em nossas ilusões. E elas são perigosas quando passamos a acreditar que são viáveis. Façamos aquilo que for possível, mantendo nossa frágil, porém necessária democracia. De nada adianta rugir feito um leão nas ruas, e depois votar como um burro nas urnas.
.

Vozes contra vozes

JANIO DE FREITAS
FOLHA DE SP 

As manifestações começam a criar o risco de reversão, facilitado pela impressão de que sempre geram saques

Se os bloqueios de estradas e, em cidades, as paralisações desordenadas mantiverem a intensidade ontem verificada em vários Estados, como prometido para toda a semana, pode-se esperar que logo uma parte da população esteja pedindo providências contra a outra. As próprias manifestações começam a criar o seu risco de reversão, facilitado pela crescente impressão de que, nas atuais circunstâncias, não é possível passeata que não degenere em saques e outras violências.

Os jovens que convocaram a manifestação contra as passagens de ônibus paulistanos estão, hoje, na situação do japonês que repetia atônito, depois da bomba atômica em Hiroshima: "Eu só puxei a descarga da privada". Buscaram um objetivo, estão em meio a um turbilhão, do qual não podem se desligar. E sobre o qual não têm controle algum, mas são chamados a representá-lo como se tivessem.

A balbúrdia das reivindicações seria de difícil controle mesmo que o movimento partisse de uma liderança definida e forte. Mas as dificuldades que acarretam vêm, sobretudo, de outra característica do momento: as reivindicações manifestadas referem-se na maioria a problemas de responsabilidade estadual e municipal. No entanto, os governadores e prefeitos fingem-se de mortos. Fugiram da cena desde o primeiro crescimento das manifestações. Com exceção só de Geraldo Alckmin e Fernando Haddad.

Preço e eficiência do transporte urbano (agora é bacaninha dizer mobilidade urbana, como se os transeuntes das cidades também precisassem de reforma), contenção da criminalidade, escolas, hospitais e saúde em geral --assim é o grosso das reivindicações levantadas nas ruas, assuntos, todos, de governadores e prefeitos.

Melhor para eles se Dilma Rousseff chamou a si, no que talvez seja um erro político, a responsabilidade por todos os problemas e soluções em questão. Mas não adianta pretender ações em grande escala, seja em número ou em dimensão, como seu discurso sugeriu. Daí só viria mais frustração, porque cada uma delas será, sempre, batalha política e outra batalha com forças econômicas. Tudo o que é reivindicado requer dinheiro, dinheiro em grande quantidade requer impostos a mais --e os economistas adotados pelos meios de comunicação dirão o restante.

O necessário e factível é selecionar prioridades, poucas e uníssonas, no rol dos defeitos nacionais. E atacá-las com todo o vigor, sem condicionamentos eleitorais ou partidários. Se é para mudar alguma coisa, em consonância com a voz das ruas, a falta de apoio na Câmara e no Senado não pode ser motivo de barganhas partidárias: deve ser denunciada ao país, para dele receber resposta. O barganhismo de apoios partidários, desde que Fernando Henrique o adotou para montar seu dispositivo eleitoral unindo PSDB a PFL e PMDB, e com a continuação que lhe deram Lula e Dilma, é um dos entraves mais funestos da política e da administração no Brasil.

Escrevo antes de conhecer o resultado da reunião de Dilma Rousseff com governadores e demais convocados. Dali só poderiam sair propostas e medidas administrativas. A necessidade decisiva do Brasil é, porém, a de mudanças institucionais --sistema partidário, sistema eleitoral, atividade da Câmara e do Senado, adoção do sistema federativo que está em seu nome e não na realidade. Mas isto é de outro capítulo. E o do momento é das vozes que se encontram e podem se desencontrar nas ruas.
.

O fracasso da democracia


Clóvis Rossi 
 Folha

Começo por onde esse excelente Hélio Schwartsmann terminou sua coluna de sexta-feira na Folha:

"Mesmo rejeitando o vandalismo, deve-se reconhecer que protestos por vezes tonificam a democracia".

De acordo, Hélio. Pena que essa indiscutível verdade teórica esteja sendo desmentida na prática nos últimos muitos anos -e não só nem principalmente no Brasil.

Desde os primeiros grandes protestos contra a globalização, adquiri vastíssima quilometragem na cobertura de manifestações de massa em diferentes países e por diferentes motivos. São mais de 20 anos de gás lacrimogêneo ingerido e de incontáveis vidraças de McDonald's quebradas (não por mim, que fique claro), o suficiente para poder afirmar que a democracia está sendo incapaz de processar os protestos que deveriam tonificá-la.

Tome-se o caso dos protestos contra a globalização: perseguiam cada reunião internacional, qualquer que fosse o local de sua realização.

Uma das maiores (Seattle, 1999) conseguiu a nada desprezível proeza de impedir que a secretária de Estado norte-americana, Madeleine Albright à época, fizesse o discurso inaugural de uma conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio.

Nunca me esqueci de uma jovem estudante a quem eu tentava convencer de me deixar passar para o centro de imprensa, argumentando que precisava contar ao mundo o que eles estavam fazendo. E ela: "Fuck you. Não precisamos de vocês para isso".

Parecia absolutamente segura de que as mídias alternativas relatariam a marcha triunfal rumo ao sucesso dos grupos que a direita batizou de "globalifóbicos" para tentar ridicularizá-los.

A marcha triunfal foi interrompida pelo 11 de Setembro e pela malandra equiparação dos protestos a terrorismo (muito pior do que acusar os manifestantes apenas de vândalos, certo?).

Mais recentemente, vieram os "indignados". Multidões em praças públicas que fazem parecer meros convescotes em família os grupos reunidos na avenida Paulista. Obtiveram resultados? Nenhum. O "austericídio" prossegue impávido, enquanto os "indignados" submergem. Estão por aí, mas não conseguem traduzir sua força numérica em propostas que a democracia possa processar com seus mecanismos convencionais.

A consequência desse descompasso pode ser terrível, escrevem para "El País" José Ramón Montero e Mariano Torcal, catedráticos de Ciência Política em Madri e Barcelona, respectivamente:

"Se os protestos se mantiverem ante a incompetência, a acomodação ou a frivolidade das elites políticas, o descontentamento poderia radicalizar-se e chegar ao âmbito eleitoral, com consequências imprevisíveis. E, se os protestos forem sistematicamente descartados e não forem acompanhados de mudanças relevantes, o desamor poderia agravar os sentimentos de frustração entre os que por fim exercem sua voz".

Vale para a Espanha, vale para o resto da Europa, vale para o Brasil. Cá como lá, a democracia está flácida em vez de tonificada.


Clóvis Rossi é repórter especial e membro do Conselho Editorial da Folha, ganhador dos prêmios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundación por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. Assina coluna às terças, quintas e domingos no caderno "Mundo". É autor, entre outras obras, de "Enviado Especial: 25 Anos ao Redor do Mundo" e "O Que é Jornalismo". Escreve às terças, quintas e domingos na versão impressa do caderno "Mundo" e às sextas no site.
.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

O Código de Mineração

Um assunto tão ou mais essencial do que os royalties do pré-sal dada a profusão de bênçãos minerais em nosso berço esplêndido.
Enquantos os "riots" prosseguem de forma serelepe e carnavalesca, uma vez mais o governo age, de forma totalitária e não em nome do interesse da sociedade, sem que os "esclarecidos manifestantes", sequer, prestem atenção a vida sócio-econômica a sua volta. 



O Código de Mineração
O Estado de S.Paulo


Para não ter de enfrentar, com o projeto do Código de Mineração que acaba de enviar ao Congresso, novas e desgastantes negociações como as que se viu obrigado a aceitar no caso da MP dos Portos para não ser derrotado em plenário, desta vez o governo discutiu o tema previamente com os parlamentares. Mesmo assim, não há garantia de que o projeto, apresentado com pedido de urgência constitucional, seja aprovado no prazo de três meses estabelecido por esse regime de tramitação. À natural complexidade do tema, somam-se propostas polêmicas, como o aumento da alíquota máxima e da base de cálculo da Contribuição Financeira sobre Exploração Mineral (Cfem), conhecida como o royalty da mineração, e a atribuição ao governo do poder de definir, por decreto, a alíquota para cada produto.

A proposta de reformulação do atual Código de Mineração, que está em vigor desde 1967, chega com grande atraso. O texto foi discutido durante cinco anos e, diante da iminência da mudança das regras, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão encarregado da regulação e da fiscalização do setor, suspendeu a concessão de lavras.

O projeto de reforma do marco regulatório da mineração dá novos poderes ao governo, altera o sistema institucional de controle e regulação da atividade mineradora, estabelece a necessidade de licitação em blocos onde for identificado grande potencial de extração e contém regras de transição.

Boa parte das medidas era do conhecimento dos interessados, pois vinha sendo discutida há bastante tempo. Surpreendeu, no entanto, a elevação da alíquota dos royalties e, em especial, o fato de o projeto não definir qual alíquota será aplicada em cada caso, deixando esse poder para o governo. O governo chegou a discutir uma alíquota máxima de 6% para a Cfem, mas contentou-se com um teto mais baixo. Mas a fixação da alíquota máxima em 4% pode ser compensada, para efeitos de arrecadação, pela mudança na base de cálculo.

Atualmente, a alíquota do royalty varia de 0,2% a 3% e sua base de cálculo é o faturamento líquido, que corresponde à receita de vendas menos tributos, transportes e seguros. O novo marco estabelece como base de cálculo a receita bruta de vendas menos os tributos. Como a alíquota para cada mineral será estabelecida por decreto, não há como estimar qual será o impacto dessas alterações sobre os resultados das empresas mineradoras. Elas temem perdas.

Do ponto de vista institucional, as mudanças serão profundas. Será criado um Conselho Nacional de Política Mineral (CNPM), como órgão de assessoramento da Presidência da República, que estabelecerá as diretrizes das políticas do governo para o setor. Para regular e fiscalizar as atividades de pesquisa e mineração e realizar as licitações será criada a Agência Nacional de Mineração (ANM). O DNPM será extinto.

Para estimular a competição, as novas áreas disponíveis para exploração mineral serão oferecidas por meio de licitações em áreas definidas pelo CNPM e por chamada pública nas demais. O novo Código estipula que, nos contratos futuros, haverá um único título para a exploração mineral, acabando com a exigência atual de obtenção de um alvará de pesquisa e, depois, de uma portaria para o início da lavra. As autorizações de pesquisa que não tiverem início efetivo poderão ser retomadas para nova licitação ou oferta pública. Os alvarás de pesquisa e os pedidos de lavra já registrados serão respeitados.

Como no caso do petróleo, a concessão do direito de pesquisa e lavra estará condicionada à demonstração de conteúdo nacional nos bens e serviços a serem utilizados na operação.

"Estamos criando as condições para que a pesquisa, a exploração e a comercialização dos recursos minerais se transformem numa atividade mais eficiente, mais rentável e mais competitiva", disse a presidente Dilma Rousseff durante a apresentação do novo marco. É preciso esperar para ver se o Congresso e os interessados concordam com ela.
.

GEOMAPS


celulares

ClustMaps